quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pesquisa do Datasus

O controle da Aids entre os usuários de drogas injetáveis é um dos destaques brasileiros do Relatório Mundial sobre Drogas 2005 da ONU, divulgado ontem. Conforme o estudo, O índice de portadores de HIV entre os usuários chega a 80% na América do Sul e a 66,5% na Europa Ocidental. No Brasil, a taxa é de 50%.

O
representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime no Brasil, Giovanni Quaglia, explicou que o resultado, apesar de não ser o ideal, já pode ser comemorado:

- O governo fez um trabalho de inclusão social. É muito interessante. Isso não foi feito em outros países. No Brasil, isso deu certo por meio de campanhas, troca de seringas, programas educacionais e tratamento universal para todos os brasileiros.

Segundo ele, o Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a aplicarem essa política de saúde pública.

- É uma política que deu certo e que hoje é um exemplo para o mundo inteiro - disse o representante da ONU.

De acordo com a organização, o contágio entre usuários de drogas foi uma das principais razões da velocidade com que a Aids se disseminou durante a década de 80 no país. Entre esse grupo, duas capitais brasileiras se destacam: São Paulo (75% dos casos) e Rio (25% dos casos).

A falta de cuidado dos usuários de drogas injetáveis é um fator preocupante no momento de controlar a disseminação do HIV. No Brasil, estudo feito com esse grupo mostrou que apenas 12,5% usam camisinha durante o ato sexual, mas 77,7% deles tomam a iniciativa de lavar a seringa usada por outra pessoa antes de usá-la novamente.

Os efeitos da despreocupação com o assunto atinge ainda mais as mulheres: 40% delas foram contaminadas com o HIV por manter relações sexuais com parceiros que eram usuários de drogas.

De acordo com o estudo feito pela ONU, os usuários de heroína geralmente passam por longos períodos de abstinência sexual, o que não acontece com aquelas pessoas que consomem cocaína, utilizada em maior escala no Brasil.

O Programa de Redução de Danos
A redução de danos é um movimento internacional que surgiu em resposta à crescente crise da Aids na década de 80. Confira o número de seringas distribuídas e recolhidas em Porto Alegre:

A distribuição de seringas no Programa de Redução de Danos na Capital
1997
Seringas distribuídas: 19.674
Seringas recolhidas: 11.541
1998
Seringas distribuídas: 71.170
Seringas recolhidas: 45.121
1999
Seringas distribuídas: 69.311
Seringas recolhidas: 53.793
2000
Seringas distribuídas: 106.659
Seringas recolhidas: 98.726
2001
Seringas distribuídas: 75.471
Seringas recolhidas: 79.594
2002
Seringas distribuídas: 51.308
Seringas recolhidas: 39.648
2003
Seringas distribuídas: 29.915
Seringas recolhidas: 24.452
2004
Seringas distribuídas: 10.500
Seringas recolhidas: 5.561
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde

Dados
- O Brasil é um mercado consumidor crescente de anfetaminas e ecstasy, as chamadas drogas sintéticas.

- O Brasil hoje já é o país que mais consome ecstasy entre as nações do Cone Sul (Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina) e o terceiro colocado no ranking de toda a América do Sul. Cerca de 0,2% da população entre 15 e 64 anos de idade utiliza a droga no país.

- O índice de usuários de maconha no país é de 1% entre as pessoas de 15 a 64 anos, uma taxa superada na América Latina apenas pelo México (0,6%) e por duas ilhas caribenhas.

- A prevalência de usuários de cocaína é de 0,4%, índice apenas superior ao do Uruguai na América do Sul.

- A polícia brasileira ficou em quinto lugar no ranking mundial de apreensão de maconha em 2003. O Brasil confiscou 166,2 toneladas da droga.

- No ranking de recolhimento de cocaína pelas autoridades, o país alcançou o oitavo lugar, com 9,7 toneladas.

Fonte: Zero Hora

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